Cidade da Praia, 04 Out (Inforpress) - O professor universitário Silvino Lopes Évora defendeu hoje a necessidade de maior reconhecimento da classe docente, sobretudo no ensino superior, alertando para a estagnação das carreiras e a falta de estímulos à investigação científica.
Em declarações à Inforpress, no âmbito do Dia Internacional do Professor, que se assinala a 05 de Outubro, Silvino Évora sublinhou que a efeméride deve ser encarada como uma data de reflexão sobre o “impacto e a responsabilidade” da profissão na sociedade cabo-verdiana.
Para o docente, além da missão de formar quadros qualificados para o mercado de trabalho, os professores têm também a função de preparar cidadãos comprometidos com o desenvolvimento do país.
“O Dia do Professor é um momento para assinalar o esforço da classe e reflectir sobre a sua contribuição para a sociedade”, afirmou, salientando que, apesar de avanços recentes no plano de funções e remunerações em alguns subsetores da educação, no ensino superior persiste um défice de reconhecimento social e político.
Segundo o professor, um dos maiores problemas enfrentados pelos docentes universitários é a ausência de progressão na carreira.
“No ensino superior, passam 10 ou 20 anos e não se mexe praticamente nada, isso é bastante desmotivante, para quem faz carreira. Nem sei se estamos a fazer carreira, nós actuamos no ensino superior, agora, carreira de vista não se sente”, lamentou.
Além da estagnação profissional, Évora apontou a falta de estímulos à investigação científica como outro desafio central.
O docente explicou que a falta de financiamento tem obrigado muitos professores a arcar, com recursos próprios, os custos de publicações académicas e participações em congressos internacionais.
Segundo acrescentou, trata-se de um processo pesado, que acaba por recair directamente sobre o orçamento familiar, tornando a investigação e a produção científica ainda mais difíceis no país.
Apesar das dificuldades, Évora apelou à resiliência da classe docente.
“A mensagem é nunca deitar a toalha, assumir os desafios que esta a nossa frente e continuar a trabalhar porque o país é nosso, temos de ser ambiciosos no que fazemos. Não é por causa das dificuldades que vamos deixar de fazer as coisas”, frisou.
Com 17 anos de experiência como docente, dos quais, dois no ensino secundário e 15 no ensino superior, o professor universitário reiterou que o reconhecimento e o apoio institucional são fundamentais para que a profissão continue a dar o seu contributo ao desenvolvimento de Cabo Verde.
CG/SRJMV
Inforpress/Fim
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