Unesco felicita Cabo Verde pela inscrição de documentos sobre a escravidão no Registo Internacional da Memória do Mundo

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Unesco felicita Cabo Verde pela inscrição de documentos sobre a escravidão no Registo Internacional da Memória do Mundo
04/09/25 - 06:11 pm

Cidade da Praia, 04 Set (Inforpress) – O director-geral adjunto da Unesco para a Comunicação e Informação, Tawfik Jelassi, felicitou hoje Cabo Verde pela sua primeira inscrição no Registo Internacional da Memória do Mundo, com duas colecções documentais relacionadas com a escravidão.

“É com uma enorme alegria que nos reunimos aqui hoje para celebrar uma etapa histórica: a primeira inscrição de Cabo Verde no Registro Internacional da Memória do Mundo da Unesco. Eu gostaria de felicitar, com carinho, Cabo Verde, o seu Governo, os seus responsáveis e o seu povo por esse reconhecimento mundial que pertence a duas colecções de um valor inestimável”, augurou.

O responsável destacou que os documentos sobre a escravidão existentes nos arquivos do Secretário-Geral do Governo, referentes ao período de 1842 a 1869, não são apenas simples registos, mas verdadeiras testemunhas silenciosas e poderosas de uma história dolorosa, marcada pelo sofrimento de milhões de homens, mulheres e crianças reduzidos à escravidão.

Jelassi sublinhou que esta inscrição é muito mais do que um reconhecimento. É uma homenagem à sua resiliência, à sua humanidade e à sua memória.

O dirigente da Unesco encorajou Cabo Verde a prosseguir com novas candidaturas ao programa no ciclo 2026-2027, lembrando que a África continua sub-representada no Registo, com apenas 29 colecções inscritas entre as 570 reconhecidas mundialmente.

Tawfik Jelassi que discursava na cerimónia de entrega oficial, ao ministro da Cultura, dos certificados de inscrição, frisou que os mesmos “simbolizam, não somente, a importância mundial desses documentos, mas também o engajamento de Cabo Verde a preservar e compartilhar sua memória com as gerações futuras”.

Por seu lado, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga, recordou que Cabo Verde criou, em 2020, o Comité Nacional de Memória do Mundo para identificar e preservar documentos que compõem o património histórico da humanidade.

Em 2023, o país submeteu as suas primeiras candidaturas ao registo internacional, aprovadas pelo Comité Consultivo Internacional da Unesco, incluindo uma candidatura individual sobre documentos do Fundo Arquivístico da Secretaria-Geral do Governo (1842-1869) e outra conjunta com Angola e Moçambique, relativa a 79 livros manuscritos de registo de escravizados, 11 dos quais de Cabo Verde.

Segundo o governante, estes arquivos são fundamentais para preservar a memória da escravidão e fomentar pesquisas, destacando ainda a comissão mista luso-britânica instalada na ilha da Boa Vista, em 1842, após a assinatura de um tratado que regulamentou a abolição do tráfico de escravizados.

O ministro acrescentou que a entrega simbólica dos certificados de inscrição da Unesco constitui “um momento privilegiado para iniciar a ampla divulgação destes documentos”, agradecendo à Unesco, à Comissão Nacional de Cabo Verde e ao Arquivo Nacional pelo apoio e trabalho desenvolvido.

TC/HF

Inforpress/Fim

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