Especialista defende retoma do debate da educação para os media em Cabo Verde (c/áudio)

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Especialista defende retoma do debate da educação para os media em Cabo Verde (c/áudio)
11/08/25 - 11:12 am

Cidade da Praia, 11 Ago (Inforpress) - O docente universitário Silvino Évora alertou hoje para urgência da retoma do debate sobre a educação para os media em Cabo Verde, para preparar os cidadãos, especialmente os jovens, para interpretar e produzir conteúdo no ambiente digital.

Ouvido pela Inforpress, este especialista salientou que a urgência deste tema prende-se com o facto de as redes sociais terem um impacto profundo na forma como as pessoas constroem a sua visão sobre temas públicos e políticos.

As redes sociais, enfatizou, têm transformado a opinião pública ao ampliar as possibilidades de troca de percepções sobre a realidade, realçando que a exposição constante aos chamados “discursos dominantes” pode reduzir a capacidade individual de análise e cria o que se chama de “clima de opinião”.

Silvino Évora defendeu que é preciso trabalhar com a juventude a visão de que o espaço digital “não é um espaço onde se pode tudo”, mas sim onde se deve agir com ética.

Para o jornalista, as universidades têm um papel crucial neste processo, devendo incluir nos seus programas de formação unidades curriculares que preparem os estudantes para o campo digital.

A necessidade dessa formação crítica se acentua, segundo Silvino Évora, diante do papel que as redes sociais passaram a desempenhar na construção da opinião pública, alertando que elas moldam a percepção das pessoas, criando um clima de opinião que, muitas vezes, sufoca o pensamento individual.

“O indivíduo, quando pensa isolado, pode reflectir, ver se está correcto, reposicionar a sua ideia. Mas quando entra na teia das redes sociais, perde essa capacidade crítica, entra no clima de opinião, e acaba por entrar naquilo que é a maioria”, disse, frisando que este ambiente também facilita a propagação da desinformação.

Apesar dos desafios, Silvino Évora vê as redes sociais como um instrumento que pode fortalecer a democracia, desde que seja utilizado com responsabilidade.

Na opinião do docente universitário, o combate à desinformação não depende apenas de regulação das plataformas, mas sobretudo de uma sociedade bem preparada para lidar com a informação, daí a importância da retomada da educação para os média, um passo que visa garantir a pluralidade, diálogo e fortalecimento da cidadania.

A educação para os média surge como uma ferramenta essencial para fortalecer a democracia e o debate público, preparando os cidadãos desde cedo para actuar com consciência no ecossistema digital, sabendo identificar manipulações, filtrar informações, perfis falsos e participar de forma activa e ética.

“O mundo está carregado de coisas difíceis, e nós temos que continuar a lutar para encontrarmos caminhos para fazer com que as redes sociais estejam cada vez mais ao serviço da democracia”, afirmou o jornalista, destacando que se deve olhar para os instrumentos de comunicação numa perspectiva de que têm que ser solucionados.

“Se há pessoas que usam as redes sociais para passar falsas informações para moldar negativamente a percepção sobre o espaço público também outras pessoas que têm posições diferentes devem ocupar esse mesmo espaço público, digital no caso para desfazer, para apresentar contraposição”, acrescentou.

LT/CP

Inforpress/Fim

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