Espargos, 27 Jun (Inforpress) – O projeto "Cabo Verde Histórias e Estórias" na ilha do Sal “trava” uma luta para preservar a identidade culturalEspargos, 27 Jun (Inforpress) – O projeto "Cabo Verde Histórias e Estórias" na ilha do Sal “trava” uma luta para preservar a identidade cultural e o património histórico local, conforme explicou o porta-voz da iniciativa, Victor Osório.
Victor Osório salienta a importância de salvaguardar as raízes da ilha, apesar do seu papel central no turismo cabo-verdiano.
Em 2025, ano em que se assinala os 50 anos da independência cabo-verdiana, o projecto "Cabo Verde História e Estória" surge como uma iniciativa vital para resgatar e perpetuar as raízes dessa ilha.
Confirme Victor Osório, embora Sal não seja a ilha mais antiga, possui uma história rica, moldada pelo cruzamento de povos de diversas ilhas cabo-verdianas e influências europeias.
Esse intercâmbio cultural resultou numa identidade própria, manifestada no crioulo específico, no património edificado e nos costumes locais.
Idealizado pelo jornalista e investigador sócio-cultural Ildo Rocha Ramos Fortes, em parceria com o seu falecido irmão, Carlos Alberto Rocha Fortes, o projecto visa salvaguardar as tradições, os usos, os costumes e o patrimônio linguístico e edificado do Sal.
A preocupação com a perda da identidade salense é real, e destaca-se a importância de se criar centros inventivos e monumentos, como um "filtro" na entrada de Espargos e a preservação das Salinas de Pedro Lume, consideradas o "berço do nascimento da própria ilha" e um "museu natural".
As Salinas de Pedro Lume, consideradas o "berço do nascimento da própria ilha" e um "museu natural", também são apontadas como locais de preservação primordial.
Outro aspecto peculiar da ilha é a presença de nomes de lugares que remetem às ilhas de origem dos primeiros habitantes, como "Hortelã" ou "Zona da Boa Vista".
No entanto, o constante fluxo de pessoas, nacionais e estrangeiras, gera uma tendência ao estrangeirismo, resultando na criação de novos nomes para locais já conhecidos e, consequentemente, na descaracterização do valor identitário da ilha.
Para combater essa perda de identidade, o projeto propõe ações concretas, sendo a informação a mais fundamental.
Osório explica que "o Sal precisa ser descoberto desde a sua origem", com a disseminação dessa informação através do envolvimento das autoridades públicas na publicidade e afixação de placas nas localidades.
O incentivo à literatura infantil e juvenil é visto como uma forma de transmitir essa riqueza cultural, assim como a criação de espaços de cultura, estrutura e tradições, e a manutenção de festas e romarias.
A questão da desinformação, especialmente no setor do turismo, é uma preocupação transversal a todo Cabo Verde.
A mesma fonte defendeu a formalização de actividades profissionais, como a de guias turísticos, para beneficiá-los e credibilizar o destino turístico Cabo Verde, que não deve ser visto apenas como "praia e mar", mas sim pela riqueza de sua cultura.
"Se nada for feito, a ilha do Sal perderá sua identidade", alertou.
A ilha do Sal, segundo Osório, desempenhou também um "papel especial" na narrativa dos 50 anos da independência de Cabo Verde.
O aeroporto do Sal, a título de exemplo, “foi e ainda é uma fonte vital de suporte à economia nacional”, e a ilha foi palco de grandes negociações políticas antes e depois da independência, servindo inclusive como intermediário em diversos conflitos africanos.
O documentário do projeto "Cabo Verde Histórias e Estórias" surge como um catalisador para a conscientização, visando levar as pessoas a "pararem e prestarem atenção", tornando-as agentes de preservação.
O projetco representa um esforço coletivo para garantir que essa rica história seja preservada e transmitida, combatendo a perda de memória e assegurando que as futuras gerações conheçam e valorizem o legado da ilha do Sal e de Cabo Verde.
NA/JMV
Inforpress/ Fim
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