Santa Maria, Ilha do Sal, 27 Jun (Inforpress) – A sétima edição do Festival Literatura Mundo foi palco hoje do lançamento de "Nuninha", o mais recente livro da escritora Andreia Sousa, que retrata uma jornada pela história e cultura cabo-verdiana, vista pelos olhos de uma criança.
A obra, que nasceu de uma "missão honrosa" conquistada no Festival Literário de 2023, narra a história de uma criança da ilha de Santiago, com cerca de 6 anos, que começa a perceber o mundo de forma diferente.
Segundo a autora do livro, Andreia Sousa, embora contenha elementos autobiográficos, o livro é, acima de tudo, um retrato da vivência de um povo.
A autora descreve a vida em uma aldeia afastada da cidade, onde a cultura, a tradição e uma educação estrita moldaram a infância de Nuninha.
“Nuninha é uma criança que viveu dentro de pobreza, de sofrimento, de dificuldade, e que ajudava os pais e que cuidava dos irmãos mais pequenos e vivia entre a escola, brincadeira e a tentar fazer coisas para vender”, contou a autora.
Andreia Sousa destacou que "Nuninha" reflete a realidade de muitas pessoas que viveram em aldeias rurais de Cabo Verde nas décadas de 80 e 90, oferecendo às gerações mais jovens, nascidas nos anos 2000, uma oportunidade de conhecer esse passado.
A narrativa não se limita às dificuldades, mas serve como um “hino à superação” e à concretização de sonhos.
Andreia Sousa revelou que a personagem "Nuninha" viaja e enfrenta barreiras como língua, documentos e trabalho, simbolizando a capacidade de sonhar grande e superar obstáculos.
Acrescentou que o livro busca ser um incentivo para que mais "Nuninha" acreditem em seus próprios sonhos e os persigam.
Um dos pontos mais destacados pela autora é o compromisso de "Nuninha" com a história de Cabo Verde.
O livro aborda o lado mais sombrio do arquipélago, mencionando o campo de concentração do Tarrafal, o período de fome, a assistência humanitária e as histórias de pescadores de baleias do século XIX.
Andreia Sousa convidou o público a ler o livro para compreender a riqueza da vivência do povo cabo-verdiano, espalhado pelo mundo.
A escolha de escrever "Nuninha" em língua crioula foi uma decisão consciente e cheia de significado para Andreia Sousa.
"A língua é essa identidade, aquele crioulo que está a sonhar, que está a chorar, que está a sofrer", afirmou a autora, sublinhando que o crioulo é a sua forma mais pura e sincera de se expressar.
Acredita que a leitura em crioulo, mesmo para quem não o domina, é uma porta para a compreensão profunda da cultura e do sentimento cabo-verdiano.
Andreia Sousa revelou que "Nuninha" é apenas o começo de uma vasta produção. Além deste lançamento, a autora tem um livro de poesia pronto e mais dois romances finalizados, totalizando cinco livros completos, todos escritos em crioulo.
Essa dedicação à língua materna demonstra o seu “compromisso” em levar a cultura e a identidade cabo-verdiana para o mundo, afirmando-se como uma escritora da língua cabo-verdiana com orgulho e amor.
NA/JMV
Inforpress/fim
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