Santa Maria, ilha do Sal, 23 Jun (Inforpress) – O inspetor-geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) de Portugal enfatizou hoje, na ilha do Sal, que a segurança, e não apenas o turismo, é o verdadeiro motor da economia em Cabo Verde.
Luís Filipe Cardoso Lourenço deixou estas considerações em uma conversa sobre a fiscalização no sector do turismo e os desafios face à crescente demanda esmiuçando o caso de Portugal.
Lourenço destacou que a segurança abrange diversas áreas, incluindo a segurança alimentar, económica, a segurança no trabalho e a segurança das pessoas.
Ressaltou a importância de acções conjuntas entre as autoridades, como a Polícia Nacional e a Câmara Municipal, e os operadores económicos para reduzir as taxas de inconformidade.
Uma das principais preocupações apontadas pelo inspetor-geral de Portugal é o “desconhecimento da legislação” por parte dos operadores económicos, um problema comum tanto em Portugal quanto em Cabo Verde.
Neste sentido, defendeu que é crucial que o Estado, os órgãos de fiscalização e os institutos identifiquem as maiores lacunas de conhecimento para que todos possam operar no mesmo nível.
O inspector-geral da ASAE alertou para os perigos da concorrência desleal no alojamento complementar (equivalente ao alojamento local em Portugal).
“A falta de regulamentação e fiscalização desses estabelecimentos, operados por particulares fora das regras de concorrência, pode prejudicar todo o sector do turismo, incluindo a hotelaria e a restauração”, sublinhou.
Lourenço citou a experiência de Portugal, onde a falta de licenciamento e a ausência de medidas de segurança em alojamentos irregulares geraram problemas graves, inclusive acidentes.
Por isso, a mesma fonte instou as autoridades cabo-verdianas a levarem o assunto "muito a sério”, defendendo a “fiscalização rigorosa e a denúncia de operadores em situação irregular” por parte das associações e dos demais operadores económicos.
“Em Portugal, a ASAE recebe cerca de 200 mil denúncias e recomendações por ano, o que tem contribuído para a quase total regulamentação do alojamento local no país”, continuou.
Com o aumento previsto de voos para Cabo Verde, trazendo novos tipos de clientes e turismo, Lourenço salientou a necessidade de os operadores económicos se prepararem para gerir esses turistas, alguns dos quais podem ser "complicados".
Ele mencionou o "micro turismo" e a necessidade de as agências de viagens e os hotéis partilharem informações com as autoridades para garantir que a segurança seja mantida e que este novo perfil de turista não "contamine" a imagem do turismo cabo-verdiano.
Para finalizar, o Inspetor-geral reiterou que a segurança é o pilar fundamental para o crescimento sustentável do turismo em Cabo Verde, enfatizando que a colaboração de todos é essencial para o sucesso do setor.
NA/JMV
Inforpress/Fim
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