Cidade da Praia, 15 Mai (Inforpress) - A neurologista, Albertina Lima defendeu hoje a necessidade de investimento na formação e contratação de mais técnicos de reabilitação no sistema público para colmatar a escassez de profissionais e atender à demanda de crianças com doenças neurológicas.
A especialista falava à imprensa, no âmbito da 18ª Missão de Neuropediatria que decorre no Hospital Universitário Agostinho Neto, (HUAN), na Cidade da Praia, de 12 a 16 deste mês, estando programadas cerca de 200 consultas a crianças com patologias neurológicas diversas.
Esta equipa médica portuguesa de neuropediatria coopera com Cabo Verde desde 2011, realizando actividades assistenciais, como consultas e actividades formativas.
"Mas, depois temos o grande desafio que é a reabilitação. É neste contexto que vamos ter esta formação, que é uma formação na área de reabilitação, na fisioterapia, onde nós queremos chamar a atenção para a área da reabilitação das crianças com deficiências neurológicas múltiplas”, afirmou.
Segundo explicou a também directora de Serviço de Neurologia do HUAN, existe a reabilitação motora, que é a fisioterapia, mas também outros desafios na reabilitação cognitiva, que engloba a área da psicologia, terapia ocupacional, fono e outras áreas dentro da reabilitação.
“É fundamental investir na formação e contratação de mais técnicos de reabilitação no sistema público de saúde, especialmente para atender crianças com doenças neurológicas, como paralisia cerebral, déficits cognitivos e transtornos de comportamento”, defendeu.
Isto porque, sustentou, o número de profissionais no hospital é reduzido, com apenas quatro neurologistas, um fonoaudiólogo e dois psicólogos para atender à grande demanda.
A grande novidade desta missão, conforme Albertina Lima, é a descentralização de consultas para centros de Saúde de Achada Santo António, e de Achada Grande Trás, assim como para o centro da Primavera, para que todos tenham acesso às avaliações.
Por seu lado, a coordenadora da equipa de cooperação Portugal-Cabo Verde em Neuropediatria, Ana Isabel Dias, destacou que a sua equipa já realizou cerca de 3.000 consultas e mais de 30 sessões de formação desde 2011, com foco na capacitação de técnicos locais.
“Isto para evitar evacuações e possibilitar o tratamento adequado das crianças no país”, disse realçando que 25% das patologias pediátricas são neurológicas, incluindo condições como paralisia cerebral, epilepsia, autismo e doenças neuromusculares.
Apesar de destacar grandes avanços, como a melhoria no acesso a exames e medicamentos, sublinhou que ainda existem desafios significativos, como a falta de profissionais e a necessidade de maior inclusão de crianças com necessidades especiais nas escolas.
ET/JMV
Inforpress/Fim
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