Parlamento: PAICV diz que há falhanço na governação económica do país

Cidade da Praia, 27 Fev (Inforpress) - O grupo parlamentar PAICV (oposição) considerou hoje que há um falhanço na governação económica do arquipélago justificando a sua tese com estatísticas sobre o crescimento económico e com estudos de opinião sobre os destinos do país.

Esta posição foi manifestada em declaração política no Parlamento pelo deputado Mário Teixeira, que falou em representação ao grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

Segundo o deputado, os cabo-verdianos avaliaram e 63 por cento (%) deles disseram que o país caminha na direcção errada e responsabilizam o sector económico pelo mau desempenho.

“Entre 2017 e 2021 a média de crescimento económico não passou de 2,8% e já não se fala no crescimento de 7% ao ano”, afirmou Mário Teixeira, para quem houve um crescimento tóxico, porque foi baseado em gastos públicos e nos impostos e destruiu empregos, porque cerca de 32 mil cabo-verdianos perderam os seus empregos de 2016 a esta parte.

Conforme a mesma fonte, 202.858 pessoas têm rendimentos abaixo dos 220 escudos por dia, 13,1% de famílias a viverem na pobreza extrema, 7% das famílias a passarem fome e existem no país mais de 150 mil inactivos.

“Um desemprego real de cerca de 32% se aos 24.420 desempregados incluirmos os 41.815, colocados perfazendo um total de 66.235 cabo-verdianos que querem trabalhar e não conseguem”, considerou.

O eleito nacional afirmou também que Cabo Verde também está “altamente endividado”, porque a dívida pública atingiu os 160 %, mais de 300 mil milhões de contos, quando “em 2015 era de 115%” e também a dívida interna está "em torno dos 40%”.

“Este é um Governo que prefere ter um nível baixo de déficit público e deixar as famílias com falta de medicamentos e a suportar elevados preços de energia e água e bens de primeira necessidade. Temos uma inflação em torno de 8% que faz aumentar o preço de todos os bens e provoca uma grande perda de poder de compra de famílias”, afirmou o deputado acrescentando que o país tem uma elevada carga fiscal, o Governo gasta mais de 800 mil contos em despesas de viagens de estadia e 45 mil contos numa revisão de uma única lei”.

Além disso, segundo Mário Teixeira houve um total fracasso nas privatizações de empresas públicas.

“Um país em que a gestão danosa dos recursos se alastra dramaticamente em todos os sectores. Facturas pagas duas vezes, pagamentos sem que se conheça o fornecedor, pagamentos sem justificativos, avales e garantias a provocarem o aumento da dívida pública em torno dos 6% conforme dados do Tribunal de Contas”, arrematou.

Por sua vez, o líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD - poder), Celso Ribeiro, disse que a declaração política do PAICV mostra claramente que esse partido perdeu o debate com o primeiro-ministro que aconteceu na quarta-feira.

“Realmente a intenção deles era criar mais confusão, mais alarme, na sociedade e não conseguiram, e hoje trouxeram aqui uma mistura entre dispositivos do Fundo Monetário Internacional e uma parte do relatório do Banco Mundial e pelo meio foram metendo algumas coisas que dificilmente conseguimos perceber”, reagiu, afirmando que todos os indicadores mostram que o país teve crescimento.

O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), João Santos Luís, por seu turno, instou o Governo a colocar como prioridade a sintonia entre o crescimento económico e a redução das importações que o país faz para o consumo, lembrando que Cabo Verde importa mais de 90% do seu consumo.

CD/CP

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