São Filipe, 30 Jul (Inforpress) – A Associação Projecto Vitó, que monitoriza as praias de nidificação de tartarugas marinhas na ilha do Fogo e na Reserva Integral dos Ilhéus do Rombo, registou um “decréscimo acentuado” nas actividades de desova em comparação com a temporada passada.
Após mês e meio da presente temporada de reprodução, o director executivo do Projecto Vitó, Herculano Dinis, confirmou que os números “são baixos” e que houve uma “redução muito acentuada” na actividade de nidificação nas principais praias.
Comparando com os dados de 2024, a “queda é drástica”, referiu Herculano Dinis, que apontou que na mesma época do ano passado, a Reserva Integral dos Ilhéus do Rombo registou cerca de 700 ninhos, enquanto este ano o número está em apenas 131 ninhos.
Na Reserva Integral dos Ilhéus do Rombo foram monitorizadas 289 rastos e uma dezena de tartarugas, entre tartarugas novas e recapturas, foram marcadas pela equipa.
Na ilha do Fogo, a situação é similar e nos primeiros 45 dias da campanha, apenas 12 ninhos foram contabilizados, em contraste com quase 300 no mesmo período de 2024, além de 24 actividades e três capturas/abates na zona norte da ilha.
“Infelizmente, esta temporada está a ser menos produtiva em termos de reprodução das tartarugas marinhas. Esta tendência não se limita apenas à ilha do Fogo e aos Ilhéus do Rombo. Em contacto com outras ONG, foi confirmado que o decréscimo é observado em várias ilhas do arquipélago”, afirmou Herculano Dinis.
Apesar do cenário desanimador, a campanha de conservação deste ano tem contado com um número significativo de parceiros e acções.
O Governo, a Parceria Regional para a Conservação Marinha e Costeira na África Ocidental (PRCM) e as câmaras municipais de São Filipe, Santa Catarina e Mosteiros têm contribuído com apoio técnico, financeiro e logístico.
Segundo Herculano Dinis, uma equipa de 31 profissionais está no terreno a monitorizar as praias, e os guardas tiveram os seus salários ajustados para o salário mínimo nacional.
Além da monitorização, foram realizadas campanhas de limpeza em 12 praias do Fogo, formações para os guardas e acções conjuntas de fiscalização com entidades como a delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente, a Polícia Marítima e o Instituto Marítimo e Portuário.
As causas da queda na nidificação ainda são incertas, mas Herculano Dinis indicou que não há evidência de que esteja relacionada com a apanha de areia, uma preocupação no passado que hoje está controlada, e não se pode atribuir directamente às chuvas.
Factores como a produtividade marinha ou até mesmo flutuações naturais na população de tartarugas podem estar envolvidos na diminuição de nidificação, mas são necessários mais estudos para compreender melhor o fenómeno, adiantou Herculano Dinis.
A próxima reunião de avaliação da temporada está prevista para o início de Agosto.
JR/CP
Inforpress/Fim
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