Cidade da Praia, 13 Mai (Inforpress) – A psicóloga e representante da campanha “Maio Furta Cor”, Maria Dias, defendeu hoje a necessidade de se criar políticas públicas mais inclusivas para dar visibilidade às mães atípicas, cujos desafios continuam a ser ignorados pela sociedade.
O apelo foi feito em declarações à imprensa, à margem do III Seminário sobre Saúde Mental Materna, subordinado ao tema 'Maternidade Atípica – As faces ocultas da maternidade', realizado no Campus da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), na cidade da Praia, no âmbito da campanha 'Maio Furta-Cor', que desde 2022 sensibiliza a população para a saúde mental materna.
“Este ano resolvemos trazer as faces ocultas da maternidade, onde se enquadra a maternidade atípica. A maternidade já é desafiadora por si só, mas há grupos que enfrentam desafios ainda maiores, muitas vezes em silêncio, com dores e angústias invisíveis”, explicou.
O objectivo do seminário, conforme referiu, é dar a conhecer estas realidades, divulgar os recursos existentes e apontar as lacunas nas políticas públicas.
“O objectivo é trazer à tona que também existem as maternidades que são mais invisíveis na nossa sociedade. É dar a conhecer as suas dores, que profissionais existem, as políticas existentes nesse país, ou a falta de políticas, onde é que eles podem procurar ajuda”, precisou.
A psicóloga destacou ainda que, apesar de já existirem algumas políticas de inclusão escolar, estas ainda são insuficientes para dar resposta às necessidades das crianças neuro divergentes e das suas famílias.
Por sua vez, a enfermeira e docente na Uni-CV, Denise Cardoso, reforçou a importância de olhar com mais atenção para estas mães e para as condições que enfrentam, sobretudo no pós-parto.
“A maternidade atípica, tal como o nome indica, é aquela que foge à normalidade (…) É uma maternidade que traz consigo outras situações, nomeadamente de doença, alterações físicas ou emocionais na mãe, ou ainda condições neurológicas na criança que afectam todo o processo normal da maternidade”, explicou.
Para Denise Cardoso, independentemente de ser uma maternidade típica ou atípica, todas as mulheres deveriam receber cuidados especiais no pós-parto, uma fase marcada por alterações físicas e hormonais, tristeza, exaustão e vulnerabilidade emocional.
“Agora, imaginem, acrescido a isto, vamos somar um filho que nasce diferente, um filho que exige cuidados diferentes, um filho que exige, que a mãe muitas vezes não trabalhe, ou que tenha um cuidador sempre disponível para estar com esta criança. Portanto, é preciso que as instituições, as organizações e o nosso Governo olhem um pouco mais para isto”, enfatizou.
A enfermeira alertou ainda para o peso económico que essas famílias enfrentam, destacando a necessidade de rever apoios sociais e reforçar o acompanhamento psicológico, escolar e médico.
A campanha “Maio Furta Cor” promove anualmente várias actividades de sensibilização, com o objectivo de promover a saúde mental materna e dar visibilidade a temas que ainda permanecem à margem da discussão pública.
O seminário contou com painéis compostos por especialistas em psicologia e testemunhos de mães atípicas.
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