Mindelo, 03 Out (Inforpress) – A União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) vai questionar o ministro da Educação sobre a falta de professores nas escolas do país duas semanas após o arranque do ano lectivo.
A informação foi avançada hoje, em conferência de imprensa, pela deputada da UCID Zilda Oliveira, numa antevisão ao debate parlamentar com o ministro da Educação, Amadeu Cruz.
“É uma preocupação que nós iremos levar porque na altura do planeamento do ano lectivo é suposto que o ministério saiba de antemão as necessidades. Nós tivemos uma saída enorme de professores do Ensino Básico, por licenças sem vencimento, e, entretanto, foi dito que já se estava a trabalhar na resolução dessa questão”, afirmou a deputada, explicando que há déficit de professores quer nos ensinos Básico e Secundário em São Vicente, Sal e Santo Antão e um pouco por todas as ilhas de Cabo Verde.
Para a deputada não faz sentido fazer a planificação do ano lectivo nos meses de Julho e Agosto porque é uma “planificação tardia”.
“Sei de escolas do Ensino Básico que iniciaram sem professores de Língua Portuguesa, sem professores de Inglês e o inglês, para o 5º ano, é uma disciplina introdutória e não faz sentido que os alunos iniciam sem professores”, criticou Zilda Oliveira, afirmando ainda que já era suposto também que os professores, transferidos, estivessem nas ilhas onde irão trabalhar posto que as necessidades já eram conhecidas.
Segundo a deputada da UCID, houve um aumento do abandono escolar no ano lectivo transato que no Ensino Básico chegou a 1,5 por cento (%) pelo que é preciso pensar as razões que estão por detrás deste abandono.
“Precisamos parar e pensar porque se nós formos ver as desigualdades e assimetrias ainda persistem. Então, nós temos que atacar esses problemas das desigualdades e das assimetrias regionais porque acreditamos que o abandono também estará ligado a isso”, analisou.
Zilda Oliveira disse acreditar que as dificuldades que as famílias têm vindo a passar, a diminuição do poder de compra em função da inflação e do não aumentos salariais também podem estar na origem desse abandono, pelo que é preciso buscar soluções não só Ministério da Educação, nas delegações escolares e nas escolas.
Para a parlamentar também é preciso analisar o aumento de reprovações no 4º, 6º, 7º e 8º ano, defendendo que devem ser criados currículos diferenciados e professores e estruturas de apoio aos alunos.
“Um aluno que transita sem os objectivos atingidos do 1º ano, que é a base do ensino básico, se as competências básicas não estiverem sólidas isso irá trazer problemas. Porque a educação é um processo gradativo em termos de complexidade e em termos de aumento do número de elementos que se vão inserindo ao longo dos anos”, explicou.
A mesma fonte disse ainda que vai apelar ainda à valorização efectiva da classe docente, porquê, sintetizou, ainda persistem as pendências como o não pagamento de horas extra, de subsídios por não redução da carga horária, enquadramento dos directores de agrupamento, reclassificações, promoções e progressões e também para eliminar a precariedade da classe operacional.
CD/CP
Inforpress/Fim