Trabalhadores da Emprofac e SISCAP “apreensivos” com privatização da Emprofac acusam Governo de não defender seus interesses

Cidade da Praia, 01 Mar (Inforpress) – O SISCAP e os trabalhadores da Emprofac mostram-se “apreensivos” com a privatização da empresa e acusam o Governo de não defender os seus interesses ao permitir “ilegalmente” a ERIS de ter licenciado um “player” privado para actividades de importação.

Este estado de espírito foi manifestado pelo presidente do Sindicato da Indústria, Serviços, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP), Eliseu Tavares, em conferência de imprensa hoje, na Cidade da Praia, lembrando que teve conhecimento deste assunto pelas notícias veiculadas na Comunicação Social em Dezembro de 2022, que davam conta da entrada de um novo player no mercado dos medicamentos em Cabo Verde.

“O SISCAP ao tomar conhecimento disto despoletou de imediato um processo de auscultação e contactos com os trabalhadores e com a administração da Emprofac, com o intuito de conhecer o ponto da situação e desde logo posicionar-se para garantir a defesa dos interesses dos trabalhadores, e porque não, da própria Emprofac”, disse o sindicalista.

No que tange ao conselho de administração desta empresa de produtos farmacêuticos, Eliseu Tavares acrescentou que tomaram conhecimento de algumas “démarches” desencadeadas pelo CA da Emprofac, mas que as limitadas informações da anunciada privatização, levou-os a contactar o Governo, enquanto representante do accionista para mais e melhores informações.

Entretanto, avançou, do ponto de vista dos trabalhadores e corroborado também pelo SISCAP, o Governo andou “muito mal”, enquanto accionista e representante do dono da Emprofac, ao não defender os interesses da Emprofac, dos trabalhadores e da sociedade.

Ainda segundo o SISCAP, o Governo ignorou todos os pareceres técnicos emitidos por entidades competentes e credíveis, que confirmam o monopólio do Estado no quesito de importação e distribuição grossista de medicamentos, através da Emprofac.

“Ainda, de ter permitido que, nestes termos, ou seja, ilegalmente, a ERIS ter licenciado um player privado para esta actividade de importação, em contramão com as leis vigentes, no entanto, por não criar as condições e preparar a Emprofac para disputar o mercado em igualdade de circunstância com o outro player, ficando apenas com cerca de 20% do mercado”, denunciou a mesma fonte.

Além disso, por ter “reservado” para a Emprofac, apenas o mercado constituído pelo sector público, considerado, sustentou, um sector que paga com “muito atraso”.

 

Por conseguinte, a mesma fonte acusou o Governo de ter decretado que a dívida de cerca de 500 milhões de escudos do Estado a favor da Emprofac vai ser paga em parcelas e por cinco anos, sublinhando que isto vai afectar directamente a tesouraria da empresa, neste ambiente de concorrência “imprópria e desleal”.

Por outro lado, Eliseu Tavares frisou que, do contacto com o Governo realizado no passado dia 8 de Fevereiro, obtiveram a promessa e o compromisso de que, da privatização da Emprofac, “uma empresa pujante e sólida ao longo dos anos, não vai resultar nenhuma perda de postos de trabalho”. “Muito pelo contrário, a internacionalização da empresa que se pretende com a privatização vai gerar mais postos de trabalho e tornar a empresa ainda mais sustentável”, ajuntou, citando o executivo.

O responsável do SISCAP considerou também que, embora a palavra, a promessa e o compromisso do Governo, a angústia dos Trabalhadores continua a falar “mais alto”, não só por conhecerem um histórico de “privatizações mal-sucedidas”, mas, pelo facto de já poderem evidenciar que o volume das vendas já começou a “cair” de forma “preocupante”, nos meses de Janeiro e Fevereiro deste ano.

“É que, não se pode com coerência e com honestidade afirmar e defender que a entrada do novo player, constituído por cerca de 80% das farmácias nacionais, que passam a importar directamente e a distribuir a mais de 60% do mercado nacional, não vai afectar os resultados e a sustentabilidade da Emprofac”, explicou Eliseu Tavares.

Num outro ponto da sua comunicação, o presidente do SISCAP sublinhou ainda que não se pode afirmar e defender que há e haverá uma sã concorrência neste mercado nacional de medicamentos, se à Emprofac está vedada neste momento a possibilidade de, em igualdade de circunstâncias, colocar no mercado, através de farmácias próprias, os seus medicamentos.

Por tudo exposto, afirmou que o SISCAP e os trabalhadores da Emprofac vão responsabilizar directamente o Governo e o conselho de administração, por eventuais danos causados à empresa e à vida dos trabalhadores.

“Vamos nos manter atentos e firmes e tudo faremos para que não se condene a Emprofac e os trabalhadores ao infortúnio”, informou.

DG/ZS

Inforpress/Fim

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