São Vicente: Grupo de teatro apresenta 66ª produção abordando ânsia de revolução dos novos tempos

Mindelo, 13 Set (Inforpress) – O Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo (CCPM) apresenta, nos dias 17 e 18, a nova produção “Inquieta revolução” que retrata a dualidade da vida e vivência das redes sociais e a ânsia do rompimento.

O espectáculo, que acontece neste final de semana, 17 e 18, no Centro Cultural do Mindelo, ressalta, conforme informações do CCPM, a actualidade em que “se vive tempos difíceis onde realidades paralelas e meta universos são confundidos com a vida real feita de carne e osso”.

“As redes sociais vieram baralhar tudo e todos e as nossas amizades podem se confundir com milhares de seguidores que conseguimos nos perfis dos diferentes aplicativos, na nossa vida acontecendo a olhar para pequenos ecrãs. Um dia descobrimos que, afinal, estamos sozinhos e tudo não passa de uma grande ilusão”, lê-se na sinopse.

E é mesmo este dilema que dá mote ao texto escrito por Yannick Fortes, vencedor do último concurso de dramaturgia nacional promovido pelo Centro Cultural Português em Cabo Verde, e que na história faz com dois homens, com mais de 50 anos, decidam ir para o topo de uma montanha para anunciar “a grande revolução”.

Um texto cuja encenação coube a João Branco, que disse à Inforpress ter sido um “prazer imenso” dirigir o “Inquieta Revolução” porque toca em temas que lhe são caros e no qual até consegue identificar mensagens da música “Inquietação” do próprio pai, José Mário Branco.

“A esperança de conseguir mudar o mundo, a luta constante pela liberdade, que não acaba nunca, a utopia de realizar uma revolução social que faça do ser humano um animal mais evoluído, mais justo, mais fraterno. Eu penso que o espectáculo é sobre isso, sobre não desistir”, advogou.

“Não sou o autor, mas, penso que o texto acaba por ser uma homenagem àqueles que acreditam, sempre, e por isso fazem as coisas acontecerem. Seja a geração que lutou pela independência, seja aquela que em Portugal fez com que o 25 de Abril acontecesse, e por aí fora”, considerou a mesma fonte.

João Branco tem como suporte um elenco constituído pelo próprio Yannick Fortes, o único jovem da história e que, conforme a mesma fonte, tem um final trágico, e dois actores da vanguarda do teatro mindelense, João da Graça e Fonseca Soares, o que acredita deixar a peça “ainda mais interessante e maravilhoso”.

A diferença de idade, segundo o mesmo, não foi factor de dificuldade até porque o mais jovem é também o autor do texto e “de certa forma está na cena a colocar em prática uma homenagem à geração anterior que está representada pelos seus outros dois colegas de palco”.

O encenador ressaltou ainda a pontualidade dos actores mais velhos e a seriedade em ter sempre os textos memorizados antes dos ensaios, que duraram cerca de três meses.

“Trabalharam afincadamente e o resultado com uma duração de pouco mais de 75 minutos acabou por surgir com naturalidade. Foram cerca de três meses, metade desse tempo apenas dedicado ao texto e a outra metade à encenação propriamente dita”, ressaltou João Branco, para quem foi fácil trabalhar com este elenco.

Por isso, João Branco, enquanto encenador, dedica o espectáculo à geração de actores cabo-verdianos que iniciaram o teatro no pós-independência, entre os quais dois da peça, Fonseca Soares e João da Graça.

“Porque acreditaram que naquele território, onde não havia praticamente nada, era possível fazer germinar um teatro de matriz cabo-verdiana e tiveram coragem para arriscar e fazer. A minha dedicatória vai para eles”, lançou.

Daí, o apelo do encenador para as pessoas irem ver as apresentações neste sábado e domingo, no Mindelo, e “quem sabe se, neste caso, o teatro não será o germinar interior daquela esperança de mudar o mundo, que é o que faz com que as coisas aconteçam”, questionou.

A peça terá nesta quarta-feira, 14, um pequeno ensaio para imprensa, por cerca de 15 minutos, na qual os jornalistas poderão ter a oportunidade de fazer registos de imagem e som e fazer perguntas ao autor, ao encenador e aos actores.

LN/ZS

Inforpress/Fim

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