São Vicente: Cabo Verde terá frota de seis navios semi-industriais para pescar camarão soldado

Mindelo, 06 Mar (Inforpress) – Cabo Verde vai contar com seis navios semi-industriais, sendo três da ilha de São Vicente e três do Sal, para a pesca de camarão soldado, cujo manancial está estimado em 200 toneladas de captura por ano no País.

A informação foi avançada, hoje, à imprensa pelo coordenador do “Projecto de Desenvolvimento de uma Frota Pesqueira de Camarão Soldado (Plesionika edwardsii) em Cabo Verde” e director da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, José Antonio González.

Conforme o coordenador do projecto, 75 por cento (%) deste recurso encontra-se nas ilhas da Boa Vista e do Maio e o segundo maior manancial está na área de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia e ilhéus e São Nicolau.

“Perto de 100 marinheiros-pescadores foram treinados, do ponto de vista da confecção dos covos semi-flutuantes, confecção da arte da caçada dos covos, mas também num outro ponto muito importante que é a qualidade do produto. Para que o produto chegue aos operadores, a toda a cadeia de valor empresarial, em condições óptimas e sanitárias e de especto”, explicou.

Segundo a mesma fonte, o projecto de desenvolvimento de uma frota pesqueira de camarão-soldado foi desenvolvido em duas fases. A primeira, avançou, ocorreu no ano passado com treinamento dos tripulantes dos três navios de São Vicente e agora decorreu com o treinamento dos navios da ilha do Sal.

José António González também avançou que os navios estavam preparados para fazer a pesca com rede de cerco de linha e foram adaptados para a pesca do camarão soldado, dando-lhes uma certa “polivalência e versatilidade”.

“Antes eram navios que estavam a trabalhar em rede de cerco, eram cercadores, mas agora têm uma polivalência. Nas semanas em que o tempo, a lua, não está para a pesca da cavala preta e do olho largo vão poder sair para pescar camarão-soldado. E durante o tempo que os covos estão a pescar eles vão fazer uma pesca com linha de mão, portanto, vão passar de uma modalidade de pesca para ter três”, clarificou.

José António González informou ainda que não há quaisquer riscos de sobre-exploração porque o manancial tem óptimas condições biológicas para ser explorado, está em reprodução permanente, é abundante e tem uma garantia que não vai haver a necessidade de se introduzir o defeso.

“Só vamos ter que monitorar a pescaria e ter a precaução de não carregar com um esforço de pesca muito grande. Podemos colocar um valor, por exemplo, de 250 covos por jornada de pesca e navio, porque o que é muito importante é desenvolver a pescaria devagarinho. Temos que dar tempo para que a cadeia de valor se active e os clientes se fidelizem e se consolidam pouco a pouco”, aconselhou, garantindo que “a pesca será feita por barcos semi-industriais, mas com artes de pesca artesanal que respeitam o ambiente”.

Conforme este responsável, numa primeira fase, a ideia é vender o camarão-soldado para os hotéis, restaurantes e mercados e, numa fase posterior, abranger o mercado externo incluindo, por exemplo as Canárias, que tem grande procura, e a Itália.

Para a técnica do Instituto do Mar (Imar), Maria Auxilia, o camarão-soldado é um recurso que ainda não existe uma pesca desenvolvida em Cabo Verde, pelo que com este projecto pretendem incentivar o desenvolvimento dessa pescaria.

“Os dados que nós temos neste momento são dados de campanhas experimentais”, indicou a mesma fonte, para quem os resultados das campanhas foram “satisfatórias em São Vicente que apresentou uma taxa de rentabilidade de 30 % e no Sal que apresentou uma taxa de rentabilidade de 17 e 19 em duas tipologias de embarcações envolvidas”.

CD/CP

Inforpress/Fim

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