Assomada, 14 Mar (Inforpress) – A CPR do PAICV – Santiago Norte considerou hoje que a nomeação da mulher do presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, para delegada dos Serviços de Transportes Rodoviários na região “é um acto de nepotismo e manipulação da Administração Pública”.
“A nomeação da nova delegada da Direcção-geral dos Transportes Rodoviários (DGTR) para a região Santiago Norte é um acto de nepotismo e manipulação da administração pública, sobretudo nos aspectos que conferem o exercício das atribuições técnicas para o funcionamento deste sector”, afirmou o porta-voz da Comissão Política Regional (CPR) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição) em Santiago Norte, Jorge Gomes.
Este dirigente do principal partido da oposição falava em conferência de imprensa em Assomada, Santa Catarina, para denunciar o “nepotismo” do Governo do Movimento para a Democracia (MpD – poder) e a “falta de oportunidade” para os quadros e profissionais da região de Santiago Norte e de Cabo Verde e para posicionar-se contra a nomeação da nova delegada da DGTR em Santiago Norte, Elisangela Garcia Robalo, “sem experiência e sem competência”.
“A nomeação para qualquer cargo não pode nunca ter como base apenas a questão político-partidária, esquecendo-se o MpD das competências técnicas para o saber fazer, o que não se verifica na forma e contexto como essa nomeação foi feita. E, isto é um acto de incompetência de toda ordem, e que simboliza a falta de respeito pela classe profissional e técnica do sector”, acrescentou.
“A função pública fomenta modelos de conduta que integram valores éticos, bem como o profissionalismo e a urbanidade do serviço público, em particular as relações de competências dos seus agentes e as corporações. Só é válido o registo, as boas práticas na administração pública quando os agentes administrativos que desempenham por um corpo de normas jurídicas que trata igual por igual”, observou Jorge Gomes.
É que, segundo lembrou, o MpD falou tanto sobre nepotismo “para estar a fazer pior”, numa alusão à nomeação da mulher do presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, para nova delegada da DGTR em Santiago Norte.
“Diariamente são nomeações de familiares para altos cargos na administração pública em que o único critério é o amiguismo e o nepotismo com atitude desmedida na época. Fica claro que o MpD fica amarrado e agarrado nas preferências, e cego nos interesses de familiares e os seus simpatizantes”, lamentou Jorge Gomes.
Por tudo isso, o PAICV que questiona a “competência” da nova delegada da DGRT para Região Norte da ilha de Santiago não tem dúvidas que esta nomeação “é claramente favorecimento político e nepotismo”.
Na ocasião, relembrou que em 2016 o MpD extinguiu a Agência de Recrutamento de Recursos Humanos da Administração Pública e prometeu uma lei sobre o recrutamento na administração pública até Dezembro do mesmo ano, acrescentando que passados quase sete anos o País continua sem estes instrumentos “importantes” de recrutamento.
As nomeações, segundo Jorge Gomes, continuam sem transparência e critérios de competência apenas com base na proximidade do poder e os jovens quadros continuam excluídos e sem oportunidades iguais.
“O PAICV pede ao Governo a valorização dos quadros da região Santiago Norte e de Cabo Verde, que têm provas dadas, com capacidades e competências nas suas áreas para ocuparem cargos de direcção na Administração Pública”, exortou o também primeiro secretário do PAICV em Santa Catarina.
Reagindo a estas denúncias, na resposta escrita enviada à Inforpress, a directora-geral dos Transportes Rodoviários, Dina Andrade, limitou-se a dizer que “a nova delegada, pelo facto de ser quem é não deve ser discriminada e não perdeu o direito de ter um trabalho digno, conforme legalmente consagrado a todos os cidadãos do nosso País”.
FM/ZS
Inforpress/Fim