Cidade da Praia, 17 Set (Inforpress) – O Provedor de Justiça defendeu hoje a necessidade de criar mecanismos que permitam às OSC reforçar a sua autonomia e capacidade de intervenção, sublinhando que estas chegam muitas vezes onde o Estado não consegue chegar.
Em declarações à imprensa momentos antes do II Fórum de Reflexão com as Organizações da Sociedade Civil (OSC), José Carlos Delgado afirmou que o caminho deve ser de emancipação e fortalecimento, garantindo às organizações mais meios humanos, técnicos e financeiros.
“Essas organizações chegam onde o Estado e o Governo não chegam, mas só poderão fazer isso se tiverem empoderamento, se tiverem condições humanas, mais quadros e mais meios de intervenção”, afirmou.
O Provedor da justiça destacou a importância da formulação, implementação e monitorização das políticas sociais e defendeu a sua participação directa na elaboração do Orçamento do Estado.
Advertiu, contudo, que estas não devem ser tratadas de forma diferenciada em função da cor política.
“Essa diferenciação é prejudicial para toda a sociedade e cria desconforto. As organizações devem ser tratadas em pé de igualdade”, reforçou.
Por sua vez, o ministro do Estado, da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, destacou o papel estratégico das OSC no desenvolvimento inclusivo do país.
“Uma sociedade só é verdadeiramente inclusiva pela forma como trata as minorias e os mais vulneráveis”, afirmou.
O governante acrescentou que o Estado tem o papel de garantir direitos e regular em função do bem comum, enquanto as OSC actuam como voz daqueles que não têm voz e luz das comunidades esquecidas.
Apontou também os impactos concretos das OSC em Cabo Verde destacando que “não seria possível atingir a protecção social a mais de 70 por cento (%) da população idosa se não fossem também as organizações da sociedade civil”, disse o ministro.
Fernando Elísio Freire acrescentou que “não seria possível hoje termos mais de 90% das nossas crianças no sistema de ensino se não fossem as OSC a gritar, a reclamar e a dar voz. E não seria possível olhar com atenção para as pessoas com deficiência se não fossem as OSC a alertar e dar visibilidade às suas necessidades”, admitiu.
Já o representante do Escritório Conjunto do PNUD, David Matern, recordou que as OSC estão ligadas a mais de 50% dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e desempenham funções de defesa, fiscalização e inovação.
“As organizações da sociedade civil não são apenas executoras, são defensoras, fiscalizadoras e inovadoras, desempenhando um papel vital em garantir o princípio de não deixar ninguém para trás, com atenção especial aos mais vulneráveis”, sublinhou.
Alertou, porém, para os desafios persistentes de financiamento e sustentabilidade.
“Fontes de financiamento limitadas, dependência de recursos externos, restrição ao uso de recursos e dificuldades de acesso aos fundos públicos são alguns dos desafios com que se debatem as organizações da sociedade civil”, apontou, acrescentando exemplos nacionais como a Morabi e as Aldeias SOS, que têm encontrado alternativas inovadoras para mobilizar recursos.
O fórum é promovido pelo gabinete do Provedor de Justiça em parceria com a CNDHC, o Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais e com o apoio do PNUD, e conta com representantes de várias ilhas, com o objectivo de produzir recomendações práticas que reforcem o papel da sociedade civil no desenvolvimento inclusivo e sustentável de Cabo Verde.
DV/SR//HF
Inforpress/Fim
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