Mindelo, 22 Jan (Inforpress) – O velejador francês Antoine Auriol está no Mindelo pela primeira vez com a regata Ocean Race, mas de Cabo Verde já “conhece muito” através da amizade com o kitesurfista Mitú Monteiro com quem divide mesmo patrocinador.
Antoine integra a equipa do veleiro Malizia, que chegou a Mindelo em terceiro lugar na categoria IMOCA, nesta primeira etapa da 14ª edição da maior regata do mundo, que faz escala no arquipélago pela primeira vez.
Mas, para o velejador, responsável na embarcação por registar em vídeos e fotografias todos os momentos desta “aventura”, não é primeira vez que conhece a terra de Cesária Évora e do seu amigo Mitú Monteiro. A primeira vez foi em 2017, com destino à ilha do Sal, terra natal do kitesurfista cabo-verdiano e para competições de outros desportos náuticos, kite, surf.
“Eu adorei, agora estou muito contente por voltar aqui, é um bom país”, asseverou, ainda tateando as primeiras impressões de São Vicente, que “à primeira vista é uma boa ilha, com pessoas agradáveis e com montanhas magníficas”.
Lugar “bem agradável”, considerou, de se estar agora depois de ter atravessado o estreito de Gibraltar e a costa africana numa “viagem dura e complicada” por ventos fortes, a 55 nós, contra que “castigaram” a embarcação.
O velejador relatou momentos em que se sentiu “bem mal do estômago” ao estar de pé para fazer as filmagens e as transferir para o computador, coisas simples de se fazer em terra, mas, que ganham outra dimensão quando a realidade é de estar num pequeno veleiro ao sabor das ondas e do vento.
Mas, mesmo assim, realçou, o mais importante é o “enriquecimento e a partilha conjunta de emoções” entre a equipa também estreante no Ocean Race.
Antoine acredita que tudo de “menos mal” ficou para trás depois de ter chegado à terra de Cesária Évora, “terra de boa comida, boa música e boas vibrações” com a quais se quer recarregar para a próxima etapa, que começa na quarta-feira, 25, depois da largada do Mindelo.
Entretanto, não é o único com esses mesmos desejos, a colega e única integrante feminina do ‘Team Malizia’, também vê Cabo Verde como um “bálsamo” depois de cinco dias a conviver num “espaço pequeno” com mais quatro homens, e onde o balanço “torna tudo difícil”, desde comer, dormir, ir à casa de banho.
Rosalin Kuiper disse ter ultrapassado essas dificuldades com ajuda da “equipa fantástica” que teve como suporte e na qual “nunca” se sentiu diferente por ser mulher.
“Na nossa equipa não há hierarquia, estamos todos no mesmo nível, existe sim muita tolerância e me sinto bem integrada e não se interessam se sou a única mulher”, garantiu a holandesa, que disse ter-se inspirado para participar na Ocean Race, por ser uma prova que testa os limites físicos e mentais e permite dar “mais valor” às “pequenas coisas” vividas em terra firme.
A velejadora quer agora tentar conquistar o “sonho difícil” de vencer a regata na categoria dos veleiros IMOCA com a “equipa extraordinária e verdadeiramente internacional” constituída por um inglês, dois franceses, uma holandesa e um alemão.
Com um ano de atraso devido à pandemia da covid-19, a edição 2023 do Ocean Race, disputada de quatro em quatro anos desde 1973, principiou no passado domingo, 15, em Alicante (Espanha), e termina no dia 01 de julho, em Génova (Itália).
Contando com Mindelo, a regata terá sete etapas e 32 mil milhas náuticas (60 mil quilómetros), que atravessam quatro oceanos, quatro continentes e passam por nove cidades.
Na terceira etapa, os velejadores vão fazer uma travessia recorde de 12.750 milhas náuticas (24 mil quilómetros), com a duração de um mês, entre a Cidade do Cabo (África do Sul) e Itajaí (Brasil), através dos mares do Pacífico Sul, e com passagem pelo Cabo da Boa Esperança e Cabo Horn, conhecido como o ‘fim do mundo’.
A prova é disputada pelos veleiros das categorias IMOCA 60 (18,3 metros) e VO65 (20 metros), sendo que os primeiros têm uma tripulação de cinco elementos, em barcos considerados “extremamente bem preparados e bastante rápidos”.
As embarcações da categoria VO65, por seu lado, são todas iguais, estiveram presentes nas duas últimas duas edições da prova, e têm sete tripulantes cada.
Todos os barcos que participam nesta volta ao mundo levam equipamento para recolher dados para investigação sobre o estado dos oceanos.
LN/CP
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