Maio: Pescadores dizem-se “desacreditados” nas promessas dos governantes sobre Casa de Abrigo de Porto Cais (c/vídeo)

Porto Inglês, 01 Jun (Inforpress) – Os pescadores da zona centro e norte do Maio mostram-se “desacreditados” com as promessas dos governantes, pois, “passados mais de 20 anos”, o projecto da construção da Casa de Abrigo de Porto Cais “não saiu do papel”.

Carlos Oliveira, pescador e também armador, expressou, em nome dos colegas, a “indignação” sublinhando que o porto de abrigo dos pescadores sito na baía de porto cais representa muito para a  história do sector da pesca na ilha e aos pescadores em particular, devido à sua localização,  pelo que “não se justifica um longo abandono”,  de “mais de 20 anos”.

“Estar aqui ou estar numa achada é tudo igual e em tempo de azágua ninguém fica dentro deste espaço, porque se houver um vento forte pode até nos cair em cima, por isso muitas vezes já dormimos debaixo do bote que é mais seguro”, contou.

Aquele pescador disse que desde criança que vem ouvindo a mesma coisa de que a Casa de Abrigo de Porto Cais vai ser finalmente construído, mas que até então não passou de falsas promessas.

Acrescentou que há menos de dois ano esteve presente naquele sítio um empresário de construção civil a fazer as medições e recolha de informações, tendo informado que iriam arrancar com os trabalhos “dentro de dias”.

“Somos seres humanos, pagamos o nosso imposto, porque hoje em dia quem não possuir licença de pesca enfrenta grande problema para trabalhar”, frisou, salientando que esta é a época em que muitos pescadores procuram aquele sítio, não por causa da condição daquele edifício, mas sim pela sua localização que os possibilita irem mais facilmente aos pesqueiros.

Por isso, defendeu que já se justifica a construção daquela casa, mas sublinhou que deve ser construída levando em conta as condições naturais e que permita que os pescadores tenham as mínimas condições para repousarem.

Adiantou que se pode pensar, inclusive, em colocar ali uma máquina de gelo, mesmo que seja pequena, visto que muitos pescadores da ilha de Santiago procuram aquele sítio para abrigo.

Questionado se os pescadores estão dispostos a pagar uma contribuição por dia ou por semana, Carlos Oliveira disse a classe “está cientes disso”, mas lamentou que pelo andar das coisas este ano vão voltar a dormir debaixo dos botes ou nos fungos improvisados pelos colegas, por isso considerou que “já chega de nos tratarem assim, porque promessa também é para ser cumprida”.

Por seu lado, o pescador Manuel, natural de Santiago, disse que há mais de 11 anos veio para ilha do Maio trabalhar no sector das pescas e desde daquela altura a Casa de Abrigo de Porto Cais encontra-se na mesma situação, apesar de já ter ouvido várias vezes que vai se construir uma nova casa dos pescadores.

Por serem profissionais que contribuem para economia do País e pagam as suas licenças, Manuel argumentou que mereciam “melhor atenção” neste aspecto, informando que as paredes estão a cair aos poucos, mas que mesmo assim por necessidade colocam a tenda para dormir ali, o que admitiu ser “um perigo eminente”.

“Como a parede se encontra, a qualquer momento pode cair e abafar uma pessoa, o que não desejo, mas se for a noite do que seria aquela pessoa, porque aqui nem sequer existe a rede de telemóvel para pedir socorro”, precisou, defendendo que naquele sítio poderia ser também instalado uma pequena máquina de gelo e um posto de revenda de combustível, porque o número de pescador já se justifica.

Os pescadores justificam a razão da construção “urgente” de uma nova casa de abrigo de pescadores visto que precisam de ter “mais segurança” na conservação dos seus materiais de pesca, inclusive do motor de popa, porque aos fins-de-semana quase todos regressam à casa, ficando os materiais a mercê de estranhos.

Há um ano, o ministro do Mar, Abraão Vicente, fez uma visita àquele sítio e constatou o estado de degradação daquele edifício.

Considerou que é preciso criar uma política a nível nacional para recuperar abrigos do tipo, em parceria com as autarquias, mas contando também com a colaboração dos pescadores na gestão do espaço.

WN/AA

Inforpress/Fim

 

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