São Filipe, 09 Set (Inforpress) – O bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde (OMC), Danielson Veiga, defendeu hoje, em São Filipe, que a criação de um serviço de atendimento pré-hospitalar “é fundamental” para garantir saúde de qualidade à população.
Depois de se encontrar com representantes das câmaras municipais e de responsáveis de saúde, o responsável, que se encontra na região no quadro da reunião do Conselho Directivo Nacional da OMC, destacou os ganhos no sector da saúde, mas avançou que há uma “coisa gritante” que tem a ver com o atendimento pré-hospitalar.
Segundo o mesmo, uma pessoa não fica doente dentro do hospital e, por isso, defendeu que o tratamento deve começar no local e não transportar o paciente para começar o tratamento no hospital, observando que “há doenças que quanto mais tarde começar a ser tratado, menos chance o paciente tem de sobreviver”.
Danielson Veiga está consciente de que a criação de um serviço de atendimento pré-hospitalar acarreta custos, mas advogou a sua implementação para se ter uma saúde de qualidade.
“Temos de apostar numa rede de ambulâncias terrestres, marítimas e mesmo área para transporte rápido dos pacientes”, defendeu o bastonário da OMC, lembrando que uma pessoa que está na Brava, em caso de um enfarte de miocárdio, por exemplo, apesar de ter o mesmo direito de uma pessoa que está nos centros, se não for transportada rapidamente tem maior probabilidade de morrer de que quem está nos centros.
O médico lembrou que o serviço de atendimento pré-hospitalar é para salvar vidas e que as ambulâncias, além de não ter, muitas vezes, pessoal capacitado são utilizadas para outros fins.
Para o bastonário, é necessário apostar na inovação e na investigação e fazer uma caminhada conjunta para o bem da saúde de todos os cabo-verdianos.
Para tal, advogou, é preciso fazer um trabalho de casa de qualidade, observando que nos 47 anos da independência e ao longo dos anos, os sucessivos governos tivessem investido, “mesmo que seja um bocadinho”, na criação do serviço de atendimento pré-hospitalar, hoje o país teria um serviço de qualidade.
Quanto a missão da OMC à região sul, cobrindo as ilhas do Fogo e Brava, Danielson Veiga disse que a ordem tem tido a preocupação de descentralizar as suas actividades sempre que haja situações críticas em certas regiões, sublinhando que a deslocação às duas ilhas veio na sequência do incidente ocorrido na Brava em que um jovem acabou por falecer vítima de uma doença grave.
A situação, apesar de não ser nova, criou uma certa convulsão em relação à comunidade médica e a OMC achou por bem realizar essa missão para ouvir os parceiros, as pessoas e saber o que tem acontecido, explicou.
Danielson Veiga avançou que aproveitou a missão para reunir-se com as entidades de saúde nas ilhas do Fogo e da Brava e com as câmaras municipais e outros serviços para analisar a forma de prevenção, evitando a ocorrência do género no futuro, além das consultas de especialidades grátis às populações.
O bastonário defendeu também que é preciso informar as populações sobre o que aconteceu porque, justificou, os médicos cabo-verdianos “são resilientes” e “com excesso de trabalho” e executam as suas tarefas “em condições difíceis”.
“O medico cabo-verdiano, muitas vezes, tem sido vítima de forma indesejável e injusta”, referiu o bastonário, classificando os médicos de “humanistas” e que sempre veem a solidariedade como um ponto de partida na sua acção, já que Cabo Verde não dispõe de meios suficientes que lhes permitam dar uma resposta atempada.
Depois da consulta de especialidade na localidade de Ribeira Filipe e de encontros com entidades de saúde, câmaras municipais e médicos residentes na ilha, realizou-se um workshop destinado aos médicos, enfermeiros e bombeiros da Região Sanitária Fogo/Brava sobre a “abordagem do paciente politraumatizado”.
Segundo o bastonário, a realização do workshop é para capacitar o pessoal, sobretudo bombeiros e protecção civil, porque numa situação de urgência e emergência é necessário ter muito cuidado na actuação e às vezes as pessoas não estão capacitadas para fazê-la da melhor forma possível.
JR/CP
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