São Filipe, 12 Jan (Inforpress) – Um grupo de mulheres de dez associações de desenvolvimento comunitários da ilha foi capacitado e empoderado em técnicas de formulação de projectos sociais num seminário de dois dias promovido pelos projectos Terra de Valor e Pessoas.
Neste seminário de dois dias organizado pela organização não-governamental italiana, Cospe, participaram 36 pessoas, sendo dez homens na qualidade de presidentes das associações e 26 mulheres.
Lorene Brito da equipa da coordenação da Cospe disse que o objectivo do seminário é capacitar associações da ilha a melhorar a forma de apresentação dos seus projectos para financiamento, porque, explicou, a maior parte das associações tem algumas lacunas e não conseguem concorrer ao financiamento, por dificuldades em preencher critérios como orçamento bem estruturado, projectos bem delineados e com fases e público-alvo bem discriminados.
“Depois de uma avaliação realizada a várias associações e projectos submetidos, percebemos que há necessidade de ensinar os membros das associações a melhorar a forma de formular projectos que dá segurança ao financiador de que vai gerir realmente o valor que lhe é disponibilizado”, disse Lorene Brito.
Para a mesma, o seminário constitui uma oportunidade para trabalhar com outras comunidades, lembrando que há associações que concorrem a projectos que abarcam o município no seu todo e tem de ter capacidade para entender como trabalhar com outras associações, envolver co-requerentes, mobilizar parceiros, fazer diagnóstico para elaboração do projecto, engajamento dos beneficiários com envolvimento de mulheres, jovens desempregados, entre outros aspectos.
A especialista em matéria do género da Cospe, Gisseile Garcia, adiantou que o seminário de elaboração de projectos sociais visa o empoderamento feminino.
Segundo a mesma, a ONG Cospe, através dos projectos Terra de Valor e Pessoas, trabalhou com grupos municipais de mulheres, tendo percebido que quando se debruça sobre projectos que abarcam a problemática e a demanda das mulheres elas não conseguem dar respostas, priorizando outros segmentos como jovens, crianças e idosos e nunca projectos que trazem visibilidade da importância das mulheres no sentido de quebrar o ciclo de violência que é um dos aspectos identificados nas comunidades.
Durante os dois dias as associações comunitárias da ilha, sobretudo as mulheres, foram dotadas de ferramentas que lhes permitam elaborar projectos sociais para poderem candidatar-se a financiamentos locais da câmara e do Governo e de outras organizações.
O segundo dia do seminário foi dedicado a trabalhos práticos de elaboração de alguns projectos direccionados à violência baseada no género (VBG), à sustentabilidade de microempresas e cooperativas sociais nas áreas de transformação de frutas, cadeia de valor de laticínios, entre outros.
Gisseile Garcia disse que os homens que participaram do seminário são presidentes das associações de desenvolvimento comunitários, lembrando que em todo o processo de empoderamento das mulheres a ONG trabalha para que elas sintam que os espaços dos órgãos sociais são espaços que podem ocupar, mas, no entanto, não há mulheres presidentes das associações.
“Só trabalhando com mulheres não conseguimos ter resultado concreto e ter mulheres em cargos de decisão e sintam que podem e têm capacidade para ocupar os cargos, é preciso sensibilizar os homens”, disse.
O seminário foi ministrado por consultores das áreas como género, gestão de pequenos negócios e educação financeira, nomeadamente técnicos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, IEFP, e da Associação de Luta Contra Violência Baseada no Género.
Alteniza Baptista e Gabriela Gomes das comunidades de Campanas de Cima (São Filipe) e Atalaia (Mosteiros), respectivamente destacaram a importância do seminário para empoderamento das mulheres, sublinhando que estão mais preparadas e capacitadas para elaborar projectos e mobilizar financiamentos.
As mesmas comprometeram-se em partilhar os conhecimentos adquiridos no seminário com outras mulheres e integrantes das associações nas suas respectivas comunidades.
O projecto Terra de Valor é cofinanciado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) com a parceria entre a Cospe, Coopermondo, CitiHabitat, Laço Branco, Comissão Regional de Parceiros do Fogo e Santiago Norte, INIDA, Ministério da Agricultura, câmaras de Santa Cruz (Santiago) e Santa Catarina do Fogo, associações e cooperativas das duas ilhas.
Já o projecto Pessoas é financiado pela União Europeia e Fundo Canadiense para iniciativas locais (CFI), implementado pela ONG Cospe (Cooperação para o Desenvolvimento dos Países Emergentes) em parceria com Associação de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (AAVVD), Laço Branco, Comissão Regional dos Parceiros do Fogo e da Brava.
JR/ZS
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