São Filipe, 06 Mar (Inforpress) – Duas equipas da Associação Projecto Vitó efectuam de 08 a 23 missões de trabalho e de intercâmbio nas ilhas Canárias de La Palma e El Hierro, disse o director executivo do projecto, Herculano Dinis.
Entre os dias 08 e 16 de Março, uma equipa chefiada pelo director executivo e integrado pelo geógrafo, piloto de drone e técnico de campo vai estar em La Palma, que é uma Reserva Mundial da Biosfera, para colaborar com a Universidade de Barcelona na identificação de áreas de nidificação Puffinus Puffinus Canarienses uma espécie de ave marinha endémica de Canarias.
Segundo Herculano Dinis é uma espécie de ave que se reproduz naquela ilha, mas que há muito tempo não se sabe da sua área de reprodução e o Projecto Vitó que tem larga experiência na monitorização de aves marinhas, como o Gongon que reproduz em sítios inacessíveis.
“Tentamos levar a nossa experiência para colaborar com a Universidade de Barcelona e vários outros investigadores de Madeira e do fotógrafo nocturno, Bart Vercruysse para tentar juntar esforços para conseguir identificar área de reprodução de espécies desta ave nas Canárias o que seria uma novidade científica para mundo de conservação de aves marinhas”, disse Herculano Dinis, observando que a equipa do Projecto faz-se acompanhar da Cadela África, especializada em identificar zona de reprodução de aves.
A segunda missão é uma expedição a convite da Reserva Mundial da Biosfera e da Geoparque da ilha El Hierro, na pessoa da sua directora e intermediada pelo Investigador e Professor da Universidade de Las Palmas, Cláudio Moreno Medina, sendo que a equipa, além de director executivo, Herculano Dinis, a coordenadora do departamento de comunicação e marketing, Roberta Fernandes e o coordenador da área florestal e do sistema de segmento informação geográfica, Adilson Gonçalves.
O intermediário desta missão de pouco mais de uma semana é um parceiro do Projecto Vitó e que colaborou na realização dos trabalhos de confecção dos painéis informativos do Parque Natural do Fogo.
O objectivo é fazer um intercâmbio para troca de experiência com a Ilha El Hierro que é uma Reserva Mundial de Biosfera com 22 anos de experiência, permitindo assim os técnicos conhecer a realidade de gestão desta Reserva da Biosfera já que El Hierro e as Ilhas Canárias, no geral, tem excelentes exemplos e experiência de gestão e implementação de Reservas de Biosfera.
“Queremos ver como a ilha El Hierro conseguiu os dois selos de Unesco, Reserva Mundial da Biosfera e Geoparque”, disse o director executivo do Projecto Vitó, lembrando que há pouco mais de dez anos ocorreu uma erupção submarina na ilha de El Hierro o que permitiu a realização de um conjunto de trabalho, acabando por ser declarado geoparque.
“A ilha do Fogo tem uma potencialidade enorme em termos geológico e seria ouro sobre azul conciliar o selo da Reserva Mundial da Biosfera com o de Geoparque”, defendeu Herculano Dinis, observando que esta missão é apenas o início para troca de experiência.
Antes da missão o Projecto Vitó realizou todo o trabalho de articulação a nível local com as câmaras municipais, informando-as da missão e inclusive com trocas de ideias sobre um conjunto de painéis que tentam correlacionar a Reserva Mundial da Biosfera de El Hierro e a Reserva Mundial da Biosfera da Ilha do Fogo, assim como contactos com assessor do ministro do Ambiente, Alexandre Rodrigues, além de tentativa de contactar a Direcção Nacional de Ambiente para a recolha de máximo de subsídios para que a troca de experiência seja uma mais-valia para o processo de implementação da reserva do Fogo.
“É possível ter os dois selos” advogou Herculano Dinis, observado que o contexto de implementação da reserva da ilha do Fogo, ainda está na fase inicial e que “três anos é algum tempo, mas não é muito se conseguimos fazer uma boa implementação a partir de agora”, acrescentando que a questão da Reserva Mundial da Biosfera está na agenda dos municípios, da sociedade civil na ilha como do próprio Governo.
“A Direcção Nacional do Ambiente está cada vez mais activo e o assessor de ministro do Ambiente tem mostrado disponibilidade para criarmos sinergias e fazer a reserva adiantar para que Fogo começar a beneficiar da mesma”, referiu Herculano Dinis.
Este apontou a iniciativa da câmara de São Filipe com a vinda de uma missão de CEIDA de Galiza, Espanha, e agora esta missão do Projecto à ilha El Hierro para esta troca de experiência como exemplos de acções ligadas à reserva, adiantando que o Projecto Vitó já começou a produzir um conjunto de matérias relacionados com a reserva.
No quadro do projecto de apoio à implementação da Reserva da Biosfera, financiado com fundos alocados a Cabo Verde pelas Nações Unidas, que está em execução, nota-se um discurso permanente da parte dos políticos e instituições responsáveis pela reserva, o que, segundo o mesmo, está a gerar uma energia positiva e optimismo e acredita que as coisas podem encaminhar para uma boa implementação.
Neste momento, o Projecto Vitó está a produzir os letreiros por artistas locais como forma de envolver a sociedade civil no processo para ser empoderadas sobre a Reserva da Biosfera, observando que um letreiro será colocado na praça do aeródromo de São Filipe, mas também está tudo articulado para o início dos trabalhos na rotunda de Xaguate.
A equipa já teve encontro com o presidente da câmara de Santa Catarina do Fogo, Alberto Nunes, para começar a montagem de um centro de interpretação com recurso a realidade virtual em Chã das Caldeiras e o Projecto Vitó está a aguardar a luz verde da Direcção Nacional do Ambiente para outros aspectos da Reserva da Biosfera já que a iniciativa tem de ser desta instituição e na medida do possível, o projecto vai apoiar todas as iniciativas para que a reserva avance.
JR/AA
Inforpress/Fim
