Electra aponta perdas de electricidade na ordem de 3,5% do Orçamento do Estado

Cidade da Praia, 03 Jan (Inforpress) – O presidente do conselho de administração da Electra disse hoje que o furto, a fraude de energia e a eficiência energética são os principais desafios para o sector, com perdas totais de 3,5% do Orçamento do Estado.

Luís Teixeira que falava à imprensa na manhã de hoje, à margem da assinatura de contratos de parceria entre a Electra e as medias privados, disse que se trata de um problema que está a pôr em causa toda a sustentabilidade do sector, mas também do País, já que terá impacto no preço final do consumidor, das empresas e das famílias cabo-verdianas.

Segundo o presidente do conselho da administração da Electra, os dados de 2021 apontam que 112 giga Watts/hora da energia produzida em Cabo Verde é dada como perdida todos os anos, o que representa 25% da perda nacional.

“Santiago comparticipa aqui com 36% e no Sal ronda os 8%, número da Europa e Estados Unidos, mas esses 36% não se admitem, se fomos retirar cerca de 10% que é estimada em termos de perdas técnicas, significa que mais de 26% em Santiago tem a ver com o furto e fraude de energia”, precisou a mesma fonte, que disse que essas perdas somadas são mais do que a produção total das ilhas de Santo Antão, São Vicente e São Nicolau.

Luís Teixeira explicou ainda que essas perdas são superiores à produção das energias renováveis, ou seja, toda a produção que Cabo Verde produz de energias renováveis é dada como perdida e roubada.

Conforme acrescentou, isso significa que Cabo Verde perde todos os anos cerca de 2,8 milhões de contos, o que representa “mais ou menos 3.5%” de todo o Orçamento do Estado.

Por outro lado, sustentou, a questão da morosidade da justiça constitui “um grande desafio” também, sendo que de 2017 a 2022 deram entradas nos tribunais 3840 processos criminais, 1061 foram julgados, 437 pessoas foram condenadas e 187 absolvidos, ou seja, 2779 processos estão pendentes, o que representa 72%.

Adiantou que neste momento a Electra está a trabalhar com medidas e acções no terreno, a apostar nas tecnologias como contadores inteligentes, contadores pré-pagos, melhoria das suas lojas e diminuição da burocracia existente, mas reconheceu que sozinho a instituição não vai conseguir vencer esse desafio.

Neste sentido, revelou que a Electra e a media privada juntaram esforços, através da assinatura de um protocolo, visando a comunicação e sensibilização sobre o consumo racional, eficiência energética e de combate às perdas.

Explicou que a Electra vai produzir algumas iniciativas e acções e órgãos privados irão também realizar conteúdos como foco no combate ao furto e fraude de energia, eficiência energética. Segundo Luís Teixeira, com este protocolo a Electra vai investir “mais de cinco mil contos” nos próximos seis meses, mas esse montante poderá aumentar, dependendo dos resultados concretos.

Por seu turno, o presidente da Associação dos Media Privados, Fernando Ortet, disse que a instituição que dirige recebe com “muito apreço” a assinatura deste acordo, que irá “ajudar na resolução em parceria” de um problema nacional e num sector estratégico para o desenvolvimento de Cabo Verde.

Entretanto, assegurou que os media privados vão assumir a responsabilidade de informar os cabo-verdianos de uma forma correta sobre a questão em análise, as possibilidades existentes e as dificuldades, mas também fazer circular a informação de parte a parte para que seja debatido no espaço público.

A mesma fonte adiantou ainda que a ideia era integrar todos os associados, mas devido a problemas de diálogo e de sintonização não foi possível.

Na ocasião, foi também assinado um contrato de parceria com outros órgãos privados nomeadamente o jornal Expresso das Ilhas, o jornal online O PAÍS e a TV Record.

AV/AA

Inforpress/Fim

 

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