Cidade da Praia, 29 Mar (Inforpress) – A Conferência Anual de Política Externa – CAPE-23, que encerrou hoje, na Cidade da Praia, sublinhou a necessidade de “uma maior e melhor” integração de Cabo Verde na CEDEAO, procurando fazer valer as especificidades do País.
Segundo informações prestadas à imprensa no final da conferência pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares, ficou ciente dentre as conclusões e recomendações que tal integração deverá ser ainda numa óptica de partilha recíproca de experiências, considerando a realidade diversa dos Estados-Membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
“A CAPE referiu este aspecto de integração na CEDEAO, mas também a integração na União Africana será certamente um dos aspectos fundamentais e devo aqui anunciar que nós pretendemos reforçar a nossa presença junto das instâncias da União Africana, como já fizemos em relação à CEDEAO para podermos seguir aquilo que se vem fazendo nesta matéria”, explicou.
Rui Figueiredo Soares pontuou ainda que a melhor integração na CEDEAO exige também que a questão dos transportes marítimos seja resolvida, frisando, por outro lado, que os transportes aéreos “têm agora uma frequência bastante boa” com os países da região da CEDEAO.
“Há dias, no Parlamento, nós tivemos a oportunidade de apresentar o projecto de corredor marítimo Praia-Dakar-Abidjan, que irá constituir certamente uma mais-valia neste sentido”, disse.
Ainda na sua comunicação, o chefe da diplomacia cabo-verdiana ressaltou que foi também enfatizada, durante estes dois dias em meio do evento, a necessidade de uma presença e actuação “mais dinâmica” no seio da União Africana, visando contribuir para a promoção dos valores da democracia, direitos humanos e da boa governação, para a construção de sociedades mais pacíficas e inclusivas, em linha com as aspirações da Agenda 2063.
Foi ainda, conforme este governante, recomendada, no âmbito da integração regional, a potencialização das sinergias do grupo dos Pequenos Estados Insulares Africanos e Madagáscar (SIDSAM, na sigla em inglês), particularmente no quadro da Zona de Livre Comércio Continental Africana (ZLECAf).
Rui Figueiredo Soares afirmou que foi igualmente assumido o alívio da dívida externa como continuando a ser uma das principais prioridades da Diplomacia cabo-verdiana e recomendada a prossecução de esforços coordenados no sentido da aceitação pelos credores do princípio da conversão da dívida em investimentos inovadores, designadamente climáticos e ambientais.
Além de assumir o desafio de tornar Cabo Verde num País cada vez mais relevante no cenário internacional, ficou recomendada, segundo Rui Figueiredo, uma acção concertada com os demais Pequenos Estados Insolares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês), com destaque para os SIDSAM, visando a promoção de uma agenda comum com vista ao reconhecimento das suas vulnerabilidades e especificidades a serem consideradas no tratamento de matérias como mudanças climáticas e o acesso ao financiamento, nomeadamente, no âmbito do processo conducente à IV Cimeira das Nações Unidas sobre os SIDS, em 2024.
Dentre outras recomendações no campo da Diáspora, plataforma continental, diplomacia económica, entre outros, ficou sublinhada a necessidade de se aperfeiçoar os mecanismos de coordenação, com vista a assegurar uma crescente coerência de acção no plano externo, considerando a complexidade resultante de um número cada vez maior de intervenientes neste domínio.
A CAPE de 2023 começou na segunda-feira e contou com vários oradores convidados, nomeadamente Rebecca Fabrizi, enviada especial para os SIDS do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido.
GSF/HF
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