Batucadeiras de São domingos deslocam-se ao Brasil para intercâmbio cultural com quilombolas

Cidade da Praia, 16 Mar (Inforpress) – Um grupo de batucadeiras do município de São Domingos, ilha de Santiago, estão a caminho do Brasil para um intercâmbio cultural de duas semanas com as quilombolas, durante o qual será produzido um documentário sobre o batuque.

A iniciativa é do compositor, produtor, cantor e instrumentista cabo-verdiano, Manuel di Candinho, que conta com a parceria do músico-educador, compositor e pesquisador brasileiro Naldinho Freire.

Em conversa com a Inforpress a partir de Lisboa, Manuel de Candinho contou que esta deslocação está enquadrada dentro de um projecto maior que arrancou há já alguns anos e culminou na realização de projectos culturais envolvendo cabo-verdianos e brasileiros.

“Desta vez a ideia foi de levar as batucadeiras para um intercâmbio cultural com as quilombolas na zona de Quilombo, que é uma zona no Brasil que tem uma cultura idêntica à cultura dos rebelados na ilha de Santiago. São pessoas que vivem longe da sociedade e sem dependência do Estado”, disse.

“Quilombo é uma comunidade, que assim como os Rabelados, resultou da resistência ao colonialismo e o batuque também tem essa origem. Por isso quisemos levar o batuque para o Quilombo”, acrescentou.

Conforme Manuel de Candinho, durante duas semanas o grupo de sete batucadeiras de São Domingos vai estar integrado na comunidade de Quilombo e a ideia é que as mesmas ensinem o batuque e outras coisas feitas no interior de Santiago às quilombolas e adquiram também alguma experiência cultural do Quilombo.

Equipas de gravações já estão preparadas no Brasil para captar o dia-a-dia das mulheres cabo-verdianas no Quilombo, devendo no final sair um filme que deve ser rodado em todo mundo.

A ideia do músico cabo-verdiano é de também promover a criação de um grupo de batuque das quilombolas e que posteriormente poderá vir para Cabo Verde actuar.

“Vai ser interessante termos um grupo de batucadeiras brasileiras. Isto vai significar expansão do batuque para o mundo”, disse, realçando também o contributo que o documentário poderá ter na projecção do batuque a nível mundial.

O projecto é financiado pelo Governo do Brasil.

MJB/ZS

Inforpress/fim

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