Austelino Correia defende inovação no quadro de cooperação entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

Cidade da Praia, 13 Mar (Inforpress) – O Presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, disse hoje que o quadro da cooperação entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe precisa de inovação e augurou que a visita do Presidente santomense dê novo impulso a esta relação.

Ao discursar na sessão solene especial de acolhimento da visita do Presidente da República santomense, Carlos Vila Nova, o chefe da Casa Parlamentar manifestou a amizade do povo cabo-verdiano para com o povo de São Tomé e Príncipe, recordando as raízes dessa amizade que remonta ao período colonial com a vaga de emigrantes cabo-verdianos então contratados para trabalhar na agricultura nas roças de São Tomé e Príncipe.

O chefe da casa parlamentar cabo-verdiana lembrou que a cooperação política e institucional entre os dois Estados se aproxima de meia década, tendo os dois países outras similitudes, como sendo Estados insulares, de território e população muito reduzidos, trazendo problemas comuns de mercado, limitando a capacidade de produção.

Essa condição, acrescentou Austelino Correia, também exige que os dois países encontrem espaço no mercado global para potenciar o desenvolvimento.

“O processo de desenvolvimento dos nossos dois países é tanto mais facilitado, quanto maior for o reforço das relações de cooperação entre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, implicando, concretamente, um maior envolvimento e engajamento das partes no incentivo à implementação de acções nas áreas identificadas como sendo de maiores potencialidades”, disse.

Governação electrónica, hotelaria e turismo, energias renováveis e eficiência energética, saúde, justiça, economia azul, agricultura, pescas, descentralização, comércio e indústria são algumas áreas apontadas por Austelino Correia.

“Não há dúvidas que as nossas relações económicas podem ser incrementadas se tivermos o engenho e a arte para resolver os problemas básicos de transportes, de comunicações e do reforço de acesso ao financiamento, mas também, se reforçarmos a nossa aposta na qualificação do capital humano, no desenvolvimento das novas tecnologias e na luta contra a pobreza”, realçou.

As questões ambientais, a transição energética, a luta contra o aquecimento global são outras componentes onde considera que é necessário unir esforços e inovar nas relações entre os dois países.

“O quadro das nossas relações de cooperação precisa de inovação para ultrapassar a fase actual e encontrar mecanismos que o elevem a um patamar superior, envolvendo os empresários, os jovens, os académicos e os homens de cultura. As condições políticas existem. A facilidade com que os nossos dirigentes se entendem e o nível de amizade e confiança que existe entre as duas nações são trunfos importantes que suportam as nossas ambições”, sustentou.

O Chefe de Estado santomense, por seu lado, reconheceu que de facto há quadro das relações de amizade e cooperação “um património francamente desaproveitado”.

“São Tomé e Príncipe e Cabo Verde construíram ao longo da história um mapa de afectos com poucos paralelos no nosso continente. Porventura não temos sabido traduzir no plano institucional a intensidade dos laços construídos entre os nossos povos. Por isso digo sem rebuliços que estamos diante de um património francamente desaproveitado”, anotou.

Carlos Vila Nova declarou-se, entretanto, convencido de que entre Cabo Verde e São Tomé é possível desenvolver uma cooperação acrescida nomeadamente nas áreas do turismo, da indústria transformadora, das tecnologias de informação e comunicação e  das energias renováveis.

“São áreas que nos permite encarar os esforços da nossa cooperarão com ambição de visão do futuro, mas esses esforços de cooperação que ambos desejamos implicam um adequado grau de certeza jurídica”, anotou.

A este propósito saudou a realização no ano passado da segunda comissão mista que, conforme indicou, apontou caminhos para uma cooperação mais diversificada, estratégica visando o desenvolvimento e sublinhar a importância de acordos assinados nas áreas de turismo, novas tecnologias, agricultura, comunicação e comunidades.

A visita de Carlos Vila Nova a Cabo Verde realizada a convite do seu homólogo, José Maria Neves, tem a duração de quatro dias e decorre entre as ilhas de Santiago e São Vicente.

MJB/ZS

Inforpress/fim

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